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O Miniopterus wilsoni pernoita e alimenta-se nas áreas imediatamente adjacentes às nossas plantações de café na Serra da Gorongosa

Um novo estudo publicado na revista científica Acta Chiropterologica, da autoria de Ara Monadjem, Jen Guyton, Piotr Naskrecki, Leigh R. Richards, Anna S. Kropff e Desire L. Dalton descreveu uma nova espécie de morcego na África Austral. Foi chamado Miniopterus wilsoni, em homenagem ao famoso biólogo e fervoroso defensor da conservação da biodiversidade, Prof. Edward. O. Wilson, esta nova espécie que ocorre na Serra da Gorongosa em Moçambique e nas montanhas do centro e norte de Moçambique e sul do Malawi. “Estamos entusiasmados em adicionar uma nova espécie de morcego à lista das espécies encontradas em Moçambique”, disse Piotr Naskrecki, Director do Laboratório de Biodiversidade E.O. Wilson e um dos coautores. “Já não acontece muitas vezes que novas espécies de mamíferos sejam descritas, mas os métodos genéticos estão a revolucionar a taxonomia e permitem-nos descobrir uma série de espécies que muitas vezes são difíceis de distinguir com base apenas na sua morfologia.” Esta nova espécie foi colectada como parte das explorações da biodiversidade que estão a ser levadas a cabo pelo Laboratório E.O. Wilson, que procura documentar toda a flora e fauna macroscópica do Ecossistema da Grande Gorongosa. Os morcegos alojam-se em formações rochosas que circundam as plantações de café cultivadas à sombra na Serra da Gorongosa e alimentam-se de insectos dentro e à volta das plantas de café, possivelmente ajudando a controlar potenciais espécies de pragas. O efeito de reflorestamento do café que necessita de sombra, por sua vez, garante a segurança dos lugares onde esta espécie pernoita e se alimenta. 100% dos lucros das misturas especiais do Café da Gorongosa apoiam as actividades de conservação e desenvolvimento humano no Parque Nacional da Gorongosa. Os morcegos fornecem importantes serviços ecossistémicos, como polinização, dispersão de sementes e controle de pragas. Eles mostram alta diversidade de espécies e padrões interessantes de endemismo, tornando-os um grupo de preocupação de conservação particular, útil para definir prioridades de conservação. Com cerca de 1.400 espécies reconhecidas, os morcegos representam cerca de 22% de todas as espécies de mamíferos. Este estudo eleva a contagem de espécies de morcegos em Moçambique para 73. Estas descobertas incrementam a já notável diversidade e complexidade do ecossistema da Gorongosa, que sofreu declínios quase totais de grandes mamíferos durante a guerra civil Moçambicana. Recentemente, os cientistas da Gorongosa descobriram que o Parque e as áreas circundantes (o Ecossistema Alargado da Gorongosa) também possuem uma fauna de morcegos particularmente rica. Em 2020, pelo menos 50 espécies de morcegos eram conhecidas neste Ecossistema, o que representa ~ 68% do número total de espécies conhecidas de Moçambique. Os autores deste artigo estão confiantes de que Moçambique continuará a produzir novas espécies de morcegos num futuro próximo. “Este estudo destaca a importância das áreas protegidas como o Parque Nacional da Gorongosa para a sobrevivência da biodiversidade mundial”, afirma Naskrecki. “Moçambique está rapidamente a tornar-se um dos líderes na conservação da biodiversidade Africana, e mais descobertas como esta são de esperar.”
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